Material de cor verde seriam os resíduos - Divulgação/Nasa
RIO - Em um feito pioneiro, pesquisadores descobriram
fragmentos de vidro nas crateras do Planeta Vermelho, oferecendo uma janela
para a possibilidade delicada de vida no planeta. Usando dados da Mars
Reconnaissance Orbiter (MRO) da Nasa, a equipe da Universidade de Brown, que
publicou a descoberta na "Geology", detectou que os resíduos teriam
se formado por causa de um violento impacto, provavelmente de algum asteroide.
Os cientistas Kevin Cannon e Jack Mustard são os principais investigadores do
material enviado pela sonda da Nasa que explora o planeta.
Cannon e Mustard mostraram que grandes depósitos de
vidro estão presentes em várias crateras ainda bem preservadas, espalhadas por
toda a superfície marciana. Estes fragmentos são impactos relativamente comuns
em Marte e poderiam ser alvos para exploração futura.
Para identificar minerais e tipos de rocha remotamente,
os cientistas mediram o espectro da luz refletida na superfície do planeta. Mas
o vidro criado por causa de um impacto não costuma ter sinais fortes de reflexo
da luz. Ou seja, eles não conseguiam saber, com certeza, do que se tratava o
material de cor verde que pode ser visto na foto acima.
"Vidros tendem a ser espectralmente brandos ou
pouco expressivos, de modo que as assinaturas do vidro tendem a ser esmagadas
pelos pedaços de rocha misturados com ele. Mas Kevin encontrou uma maneira de
burlar esse sinal", disse Mustard para a agência de notícias da Nasa.
No laboratório, Kevin misturou diversos tipos de
poeiras com composição parecida com as das rochas e do solo de Marte e os
colocou em um forno para que o vidro fosse formado. A partir daí, mediu o sinal
espectral do vidro, para saber como ele refletiria. Usando um algoritmo,
Mustard capturou sinais semelhantes enviados pelo sistema do veículo da Nasa
que tirou as fotos.
Assim, os cientistas descobriram que as crateras tinham
vidro em suas entranhas.
"A análise dos pesquisadores sugere que os
depósitos de vidro são ligados a impactos em Marte", afirmou o diretor da
divisão de ciência planetária da Nasa, Jim Green, em entrevista ao site da
agência.
A região onde o vidro foi encontrado é uma das áreas
onde a Nasa pretende pousar em 2020, em uma missão
para coletar amostras de solo e de rochas.
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