segunda-feira, 3 de agosto de 2009


Artigo



O longo caminho para Marte


Por Julio Godoy*

Os responsáveis pelo programa espacial europeu explicam ao Terramérica os desafios que deverão vencer, durante os próximos 30 anos, para conseguir enviar um homem ao planeta vermelho.
PARIS.- A Agência Espacial Européia (ESA, sigla em inglês) anunciou que planeja enviar uma missão tripulada a Marte em 2033. Serão três décadas de árduo trabalho na criação de tecnologias, ainda inexistentes, para consegui-lo. “Nós temos um calendário detalhado que devemos seguir antes de enviar uma missão tripulada a Marte”, disse ao Terramérica o diretor de pesquisas da agência encarregada de missões tripuladas, Dietrich Vennemann. “A ESA deve, primeiro, confirmar as premissas técnicas estabelecidas por seus engenheiros nos últimos três anos”, acrescentou.

A pesquisa sobre Marte faz parte do programa Aurora, lançado, em 2001, pela União Européia para a exploração do Sistema Solar. O calendário para uma missão tripulada ao planeta vermelho começa em 2007, com uma missão que testará a tecnologia para o reingresso de uma nave espacial na atmosfera terrestre, a grande velocidade. “Essa missão é um primeiro grande desafio técnico. Para reduzir a duração de uma missão a Marte, calculamos que a velocidade mínima necessária é de 12 quilômetros por segundo. Até hoje, a ESA usou naves capazes de viajar a uma velocidade máxima de 7,6 km/segundo. Entre as duas velocidades, e devido às conseqüências sobre a resistência de materiais que delas derivam, há uma diferença abismal”, destacou Vennemann.

Em 2009, se a ESA conseguir atingir velocidades satisfatórias, enviará uma primeira nave de pesquisa biológica a Marte, para obter amostras minerais e gasosas do planeta vermelho, com o fim de identificar sinais de vida, passada ou presente. Essas amostras seriam transportadas para a Terra entre 2011 e 2014. “Nossas primeiras missões deverão operar com microtecnologia que possa ser transportada em uma nave espacial e ser usada em Marte. Essa microtecnologia será desenvolvida para a análise em grande escala das amostras de Marte que conseguirmos trazer para a Terra”, disse ao Terramérica o diretor do programa Aurora, Franco Ongaro.

A ESA pretende testar, até 2014, tecnologias de apoio a missões tripuladas, como sistemas de respiração e equipamento de proteção contra a radiação solar. Entre 2014 e 2018, testará propulsão com energia solar, aterrissagem controlada, órbitas e armação de naves no espaço. Vennemann lembrou que a atmosfera de Marte consiste majoritariamente em dióxido de carbono, irrespirável para o ser humano, e que a radiação solar é muito mais alta do que na Terra. “Antes de enviar astronautas a Marte, temos que desenvolver a tecnologia necessária para superar estes dois obstáculos, e sermos capazes de estabelecê-la de forma permanente e utilizável”, afirmou.

Além disso, as viagens espaciais tripuladas realizadas durante os últimos 40 anos não duraram mais do que 400 dias, e “uma missão tripulada a Marte provavelmente terá duração de cerca de mil dias. Isso significa que temos de trabalhar muito para criar apoios técnicos“ para a sobrevivência no espaço, ressaltou Vennemann. Ongaro avalia que o envio de astronautas a Marte é indispensável para realizar uma pesquisa exaustiva, já que robôs e computadores dispõem de uma capacidade reduzida de análise. “Na história da pesquisa científica, todas as descobertas foram feitas por seres humanos. Os robôs apenas repetem experiências já conhecidas”, afirmou. Por outro lado, “ver astronautas no espaço motiva milhares de jovens a estudar matemática, biologia ou física, e ajuda a fortalecer nosso desenvolvimento científico”, acrescentou.

Sobre o custo de uma missão tripulada a Marte, Ongaro estima que seria um bom investimento para a Europa, já que representaria menos de um dólar por pessoa, e “gastamos uma média de US$ 50 em cosméticos por pessoa ao ano, e uma média de US$ 10 para ir ao cinema anualmente. A metade dos gastos voltará para os cofres dos Estados na forma de impostos, e a outra metade servirá para pagar salários de engenheiros e professores, que aumentam o acervo científico do mundo”, destacou.

A sonda européia Beagle II, que pousou em Marte em dezembro, perdeu contato com a estação de controle na Terra, mas a primeira nave de exploração de Marte, a Mars Express, é considerada um êxito total. Essa nave enviou informação à Terra desde que seus instrumentos foram ligados, em 5 de janeiro, e alcançou sua órbita definitiva ao redor de Marte no dia 28 de janeiro.

A Mars Express conta com um emissor de rádio cujo sinal é recebido na Austrália, para estudar a composição química da atmosfera, a ionosfera e a superfície de Marte, e também possui a câmera fotográfica Omega, com espectrômetro infra-vermelho incorporado, que identifica água e dióxido de carbono congelados na superfície de Marte. Dispõe, ainda, de um laboratório de análise de plasma e átomos energéticos neutros, chamado Aspera, para estabelecer se a erosão causada pela radiação solar causou a ausência de água na superfície marciana, e, ainda, de um espectrômetro ultravioleta para medir a distribuição do ozônio e do vapor de água na atmosfera de Marte.

Ongaro desmentiu que a pesquisa espacial européia tenha fins militares. “Não me ocorre nenhuma utilidade militar com a pesquisa espacial. Ao contrário, a experiência dos últimos 30 anos prova que a pesquisa do Universo criou um sentido gregário na humanidade, uma inclinação para a paz”, acrescentou. Além disso, descartou a competição com os Estados Unidos, que anunciou sua própria missão tripulada a Marte antes de 2020. “Na ESA não nos sentimos competindo com nenhuma agência espacial do resto do mundo. Aqui trabalham italianos, como eu, alemães, como Vennemann, e de todos os países da Europa. Inclusive engenheiros canadenses usam regularmente nossos equipamentos”, ressaltou.

domingo, 2 de agosto de 2009


A NASA
A NASA (sigla em inglês de National Aeronautics and Space Administration; Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica), também conhecida como Agência Espacial Americana, é uma agência do Governo dos Estados Unidos da América, criada em 29 de julho de 1958, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial.

A NASA foi responsável pelo envio do homem à Lua (veja projeto Apollo) e de diversos outros programas de pesquisa no espaço.
Atualmente ela trabalha em conjunto com a Agência Espacial Européia, com a Agência Espacial Federal Russa e com mais alguns países da Ásia e do mundo todo para a criação da Estação Espacial Internacional.
A NASA também tem desenvolvido vários programas com satélites e com sondas de pesquisa espacial que viajaram até outros planetas e até, alguns deles, se preparam para sair do nosso sistema solar, sendo a próxima grande meta, que tem atraído a atenção de todos, uma viagem tripulada até o planeta Marte, nosso vizinho.